12 outubro 2015

O galo de Barcelos

Tradicionalmente feito de barro e pintado com cores vibrantes, o galo de Barcelos tornou-se um símbolo de Portugal (Foto: Valadj)


Barcelos, situada na margem direita do rio Cávado, na ridente e luminosa província do Minho, é uma cidade pequena mas muito bonita. É certamente uma das cidades mais bonitas de Portugal.

Todos os portugueses, sem qualquer exceção, conhecem a inconfundível figura do galo de Barcelos. Quase não há casa portuguesa que não tenha pelo menos um galo de Barcelos com certeza. A minha também tem um. É um galo muito pequenino, que já se partiu e foi colado, e que se encontra em cima de uma estante cheia de livros.

Associada à figura do galo de Barcelos, existe uma curiosa lenda. A lenda também é muito conhecida mas, mesmo assim, passo a contá-la, reproduzindo a narrativa que está publicada no sítio do Município de Barcelos.

A curiosa lenda do galo está associada ao cruzeiro medieval que faz parte do espólio do Museu Arqueológico da cidade. Segundo esta lenda, os habitantes do burgo andavam alarmados com um crime e, mais ainda, com o facto de não se ter descoberto o criminoso que o cometera. Certo dia, apareceu um galego que se tornou suspeito. As autoridades resolveram prendê-lo e, apesar dos seus juramentos de inocência, ninguém acreditou nele. Ninguém acreditava que o galego se dirigisse a S. Tiago de Compostela, em cumprimento de uma promessa, sem que fosse fervoroso devoto do santo que, em Compostela, se venerava, nem de S. Paulo e de Nossa Senhora. Por isso, foi condenado à forca. Antes de ser enforcado, pediu que o levassem à presença do juiz que o condenara. Concedida a autorização, levaram-no à residência do magistrado que, nesse momento, se banqueteava com alguns amigos. O galego voltou a afirmar a sua inocência e, perante a incredulidade dos presentes, apontou para um galo assado que estava sobre a mesa, exclamando: “É tão certo eu estar inocente, como certo é esse galo cantar quando me enforcarem”. Risos e comentários não se fizeram esperar mas, pelo sim pelo não, ninguém tocou no galo. O que parecia impossível tornou-se, porém, realidade! Quando o peregrino estava a ser enforcado, o galo assado ergueu-se na mesa e cantou. Já ninguém duvidava das afirmações de inocência do condenado. O juiz correu à forca e viu, com espanto, o pobre homem de corda ao pescoço. Todavia, o nó lasso impedia o estrangulamento. Imediatamente solto foi mandado em paz. Passados anos voltou a Barcelos e fez erguer o monumento em louvor a S. Tiago e à Virgem.

Em http://www.cm-barcelos.pt/visitar-barcelos/barcelos/lenda-do-galo


O Cruzeiro do Senhor do Galo, em Barcelos, alusivo à lenda do galo. A lenda atribui a feitura deste rústico cruzeiro ao galego que se salvou da forca. Na verdade, é um cruzeiro de origem popular, datado da primeira metade do séc. XVIII. À direita, na foto, veem-se as ruínas do antigo paço dos condes de Barcelos (mais tarde feitos, igualmente, duques de Bragança) e em último plano ergue-se a igreja matriz de Barcelos. (Foto: David Samuel Santos)

Comentários: 2

Blogger Chama a Mamãe! escreveu...

Ganhei um desses souvenir, quando um colega do trabalho esteve por essas paragens. Ainda o tenho,até hoje, em um lugar que reservo para pequenas lembranças, como essa.
E isso já ultrapassa 20 anos, por aí.

12 outubro, 2015 14:15  
Blogger Fernando Ribeiro escreveu...

Há um blog muito interessante, de um judeu português residente em Israel, em que se vê um galo de Barcelos atrás do autor no próprio cabeçalho, ao fundo à direita. O blog chama-se História das Palavras e o seu autor chama-se Inácio Steinhardt. Ele é historiador e já foi jornalista, tendo trabalhado como correspondente em Israel de uma agência de notícias portuguesa. O blog é muito interessante, pois conta histórias sobre a origem de diversas palavras, portuguesas e também hebraicas, de uma forma muito viva e muito cativante. Vale a pena visitar o blog dele, incluindo as entradas mais antigas, apesar de as referências que ele faz, nas histórias que conta, serem predominantemente sobre Portugal em geral e sobre Lisboa em particular.

Inácio Steinhardt, infelizmente, já não atualiza o seu blog desde janeiro, pois também tem, pelo menos, uma conta no LinkedIn e outra no Facebook, onde publica umas coisas de vez em quando. No entanto, a sua página no Facebook tem um interesse bastante reduzido. Não me parece que valha a pena visitá-la. O blog é incomparavelmente mais interessante.

13 outubro, 2015 03:27  

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